Durante participação no podcast Business Rock, o Advisor Internacional Diogo Scelza compartilhou sua trajetória de transição da engenharia para o mercado financeiro global, revelando estratégias de investimento baseadas em diversificação, inteligência emocional e uso de ETFs, bem como o impacto do tarifaço; em um bate-papo com Sandrão, o episódio também destacou o papel cultural do programa na promoção do rock autoral brasileiro
Da engenharia à gestão de portfólios internacionais
Diogo iniciou sua carreira como engenheiro de planejamento na Vale, no Pará, mas foi atraído pelo mercado financeiro após um curso sobre opções. “Vendi o carro que meu pai me deu e comecei a investir. Em um mês, transformei R$10 mil em R$100 mil, com opções. Mas em quatro meses, perdi tudo”, relembrou.
Após enfrentar dificuldades, contou com o apoio de uma amiga para ingressar no mercado financeiro americano. Em 2008, obteve a licença Series 7 nos EUA, certificação essencial para atuar com valores mobiliários. “Estudei intensamente por um mês e meio, mesmo com inglês técnico limitado. Foi um dos maiores desafios da minha vida”, disse.
Estratégia com ETFs e rotação setorial
Hoje, o executivo estrutura portfólios com até 12 estratégias, cada uma representando uma classe de ativos específica. “Prefiro investir em tendências de longo prazo, impulsionadas por mudanças estruturais. Os ETFs me ajudam a evitar o risco de uma empresa quebrar, como no caso do SPY, que replica o S&P 500”, explicou.
Ele aplica rotação setorial com algoritmos que selecionam ativos com maior momentum. “Esperar o momento ideal pode ser uma armadilha. O impacto do câmbio tende a se diluir com o tempo”, alertou.
Essa abordagem se mostra relevante diante do novo pacote tarifário proposto por Donald Trump, que prevê tarifas de até 20% sobre importações da União Europeia. Segundo o JP Morgan, as projeções para o S&P 500 foram revisadas para baixo, com estimativas entre 6.300 e 6.500 pontos. Ainda assim, Diogo reforça: “Não tomo decisões táticas com base em movimentos de curto prazo. Construo portfólios diversificados, globais e orientados por dados”.
Impacto emocional e disciplina estratégica
Diogo enfatizou o “custo emocional” dos investimentos. “Estresse, saúde e tempo com a família são fatores que precisam entrar na equação. Planejamento e timing devem priorizar o bem-estar do investidor”, afirmou.
Sandrão complementou: “A racionalidade é facilmente perdida quando se acerta em investimentos voláteis. A ganância toma conta”.
Algoritmos e mitigação de riscos
O sistema desenvolvido por Diogo utiliza algoritmos para identificar ativos com maior momentum. “A ideia é mitigar riscos e potencializar retornos, mesmo em cenários adversos. Além disso, o sistema ajuda a evitar decisões impulsivas, considerando o impacto emocional”, explicou.
Essa abordagem está alinhada com tendências globais. Segundo a Morningstar, estratégias baseadas em dados e inteligência artificial estão entre os principais temas de investimento para 2025.
Comparativo entre Brasil e EUA
Diogo foi direto ao comparar os mercados. “Nos EUA, as empresas trabalham para gerar lucro ao acionista. No Brasil, o retorno da bolsa nos últimos 20 anos foi de 9,4% ao ano, inferior à renda fixa. Está tudo virado do avesso”, criticou.
Dados da Fitch Ratings e UBS confirmam: ativos de renda fixa no Brasil oferecem retornos reais superiores a 7% em 2025, enquanto o mercado de ações enfrenta alta volatilidade e risco fiscal elevado.
IOF e investimentos internacionais
Sobre o IOF, Diogo foi enfático: “O IOF impacta apenas no curtíssimo prazo, pois é uma cobrança única no momento da remessa. Para quem investe com horizonte de médio e longo prazo, esse custo se dilui completamente”.
Segundo o decreto nº 12.499, publicado em junho de 2025, o IOF sobre remessas internacionais foi reduzido para 0% em alguns casos, como retorno de investimentos estrangeiros. Já o impacto sobre contribuições a fundos e seguros pode chegar a 5%, dependendo do valor e da modalidade.
Sandrão: apresentador e promotor do rock nacional
Além de conduzir a entrevista, Sandrão reforçou a missão do Business Rock como plataforma de apoio à cena musical brasileira. “Queremos dar voz a quem está surgindo e ressurgindo no cenário nacional”, afirmou.
Ele também compartilhou sua experiência com investimentos em Forex. “Ganhei rápido, mas perdi tudo por não ter metas definidas. O livro ‘Axiomas de Zurique’ me ajudou a entender a importância de controlar sentimentos, como ganância”.
Entre algoritmos e acordes, uma jornada de propósito
A entrevista com Diogo Scelza exemplifica o propósito do Business Rock: unir conhecimento financeiro com cultura musical, promovendo educação, inspiração e oportunidades. Com Sandrão à frente, o programa se consolida como espaço de diálogo entre mundos distintos, o mercado e a música, que se encontram na busca por autenticidade, propósito e evolução.